domingo, 24 de junho de 2007

_haicai para depois

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olhou adiante
um muro caiu: não era Berlin, não era muro
era apenas suas pálpebras se abrindo.


Vinícius

FOTO: Boneca numa fachada no Pelourinho. Salvador/Bahia, Jan. 2007

domingo, 17 de junho de 2007

_dance

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dançou quando as estrelas se lançaram sob o azul
dançou quando a noite caiu
dançou com seus sapatos de madeira
e um vestido de casamento

e, dançando por qualquer rua,
dançando pelo invisível,
dançou a pequena marionete.
creio que estava feliz.

sorriu com sua bela boca
sorriu, ainda que tivesse os olhos caídos.
sorriu na língua de quem ama
numa canção de ninar.

onde iria quando estava só?
onde iria quando as estrelas se lançavam sob o azul?
se soubesse,
a seguiria quando as estrelas estivessem sob o azul.
dançaria.

Vinícius.

domingo, 10 de junho de 2007

_do outro lado

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era verão quando foi visto pela primeira vez. não se sabia que nome dar. apenas tinha certeza que estava no mesmo mundo, de um modo que nunca havia vindo a mente. nunca tinha o olhado daquela maneira.


é uma típica história de descoberta. começa com a primeira vista. aquilo que nunca se olhou antes, parecia agora ter uma beleza quase indescritível. apenas sentia.


sempre se tinha desculpa para não ter visto antes. era difícil crer que realmente tivesse acontecido. quando menos se esperava, aquilo surgiu diante de seus olhos como se não estivesse lá todo dia. era diferente.


era uma típica história de descoberta. viu que do outro lado, lá onde onde a estrela maior se esconde é o mesmo lugar onde ia parar todos os seus sonhos. concluiu, então, que há mais vida no horizonte do que se imagina. inclusive a sua estava lá. porque do lado de cá, ainda estava o desconhecido.


o primeiro encontro com o outro lado acabou sendo reconfortante. desfez-se o mito da primeira impressão, afinal aquilo sempre esteve lá. foi quando se deu conta que do lado de cá havia muita coisa que sempre esteve onde está. sem primeira vista. sem descoberta. agora era enfrentar o ônibus cheio, 40 longos minutos até sua casa, menos de 6 horas de sono até a diária do dia seguinte.


Vinícius.


FOTO: Pôr-do-sol na Baia de Todos os Santos. Salvador/Bahia.

domingo, 3 de junho de 2007

_apenas anjos sabem voar

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um dia resolveu contar seus sonhos. acreditava no outro como deveria. cria como se fosse a última face na terra. mas o outro quebrou seu espírito e se desfez de todos os seus sonhos.

tudo isso envolvido num líquido cristalino que brotava de um globo que lhe abria o mundo. pesava. assim nunca sairia do chão. apenas anjos sabem voar, dizia o descrente.

a asa quebrada não impediu as cordas de vibrar, o ar de entrar e sair, nem seu som de se espalhar pelo infinito. com os olhos em riste, o outro ainda a veria voar.

numa manhã de domingo, não havia ido a igreja. todos sentiram sua falta, inclusive o outro, que foi a sua casa. encontrou um bilhete próximo a janela aberta. cortinas ao vento.

mesmo com a asa quebrada as cordas ainda vibram, o ar entra e sai, o som se espalha. levantou os olhos, encheu os pulmões e pôs-se a cantar. o outro deveria vê-la voar, concluiu o descrente num discurso póstumo.

"ainda que tenha uma asa quebrada, me resta uma outra. é com ela que vou voar", dizia o bilhete próximo à janela.

Vinícius.