sábado, 20 de setembro de 2008

Bilhete de um broxa

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Sophie,

não é sempre que acontece. Mas também não foi a primeira vez. Talvez tenha sido o cansaço, o estresse de uma semana inteira, a discussão prévia... Não sei ao certo. Queria ter conseguido. Mas não foi assim. Infelizmente. Não quero parar de tentar. Da próxima vez, acho que será diferente. Vou tentar, ao menos. Deixo o bolo queimado em cima da pia. Não pude mais lidar com ele. Por favor, jogue no lixo quando acordar.

Bom dia. Nos vemos mais tarde.

Vinícius

domingo, 7 de setembro de 2008

Lamentando Lamentar

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Oi,

hoje acordei cedo, queria não me atrasar. Enquanto corria, cortando o frio da manhã, lamentava o fato de naquele clima tão aconhegante não ter continuado na cama, enrolado num bom cobertor, que tive que abandonar. Reclamei da resistência do chuveiro ter queimado durante meu banho. Quase chinguei o porteiro do prédio quando tava saindo e ele bateu o portão, me deixando entre os dois portões de saída, me obrigando a tirar as chaves do bolso para abrir. Lamentei ter que pegar ônibus lotado para chegar num trabalho estressante que me tomaria o dia todo. Por fim, declarei guerra ao tempo, que atrasaria (de pirraça, tenho certeza) a chegada da noite e o fim desse dia.

Foi quando, avistei num passeio frio e sujo, uma família inteira: uma mãe (suponho, eu) e seus três filhos pequenos. Percebi que eles não tinham tido cobertor durante a noite toda, por sabe-se lá quanto tempo; que não tomavam banho, nem frio, nem quente, há dias; que não tinham se quer uma porta para abrir, pois a chave da casa que não tinham tardava a ser entregue; que seu único meio de transporte eram suas pernas fracas que ainda os sustentavam e os levavam de um lado para outro sem rumo; e que, por fim, provavelmente não se atrasariam para nada, porque não tinham local algum pra ir, com ou sem hora marcada.

Então, para completar meu dia de lamentações, lamentei minha consciência falha e minha visão pernóstica, que agora daria uma atenção maior para os passeios e esqueceria um pouco de qualquer lamento em vão.

Achei que devia te contar.

Com outro horizonte,

Vinícius