sexta-feira, 27 de outubro de 2006

[ passa-tempo ]

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quando estou só
quando não tenho o que fazer
quando estou chato
quando tenho horas ao vento
quando o tempo não passa

até que o tempo passe
até que apareça o interesse
até que comece o programa
até que o sinal volte
até que o cansaço predomine

passa-tempo
eu jogo
tu jogas
quem ganha? o tempo ocioso...

vinícius


IMAGEM: via do ócio.

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

[ o que não volta mais ]

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perdeu-se as lágrimas fáceis na face lisa, sem manchas.
foi-se o riso solto sem pudor, sem medo do olho, sem limites no olhar.
perdeu-se o impulso visceral, não se corre mais, não se pula mais, as feridas não mais se abrem e as cicatrizes não mais ficam expostas.
não se rebela mais. não grita mais. não chora mais diante do "não". as aflições do coração não são mais mera ansiedade pela hora do jardim.
chegaram as rugas da vida.
as lágrimas agora também são de gastrite.
o riso é conduzido e o choro também.
as feridas são mais intensas, mais profundas, embora menos sangrentas e menos expostas.
a rebeldia se tornou diplomacia. o "não" um impulso. o coração um músculo que pulsa
involuntariamente, mesmo quando quer parar.
"que saudades que eu tenho
da aurora da minha vida
da minha infância querida
que os anos não trazem mais*"
vinícius
*Trecho de "Meus oito anos", de Mario Quintana
FOTO: Olhar de criança. De algum lugar na Web.

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

[ déja vú ]

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no horizonte voava uma folha verde. no horizonte voava uma folha verde maNchada de tinta vermelha que escorria fazendo constrate.
escorria uma tinta vermelha numa folha verde. escorria uma tinta vermelha numa folha verde quebrando com a frieza.
a quentura do vermelho caiu sobre um peito. a quentura do vermelho caiu sobre um peito nu e sedento.
um peito nu e sedento queimava em febre. um peito nu e sedento queimava em febre no delírio súbito depois de um banho de chuva inesperado.
um banho de chuva inesperado numa estrada de barro. um banho de chuva inesperado numa estrada de barro com os pés no chão e o coração no céu.
com os pés no chão e o coração no céu num sono leve. com os pés no chão e o coração no céu num sono leve em uma cadeira de espaço coletivo.
numa cadeira de espaço coletivo os ponteiros parecem girar num ritmo lento. numa cadeira de espaço coletivo os ponteiros parecem girar num ritmo lento quando espero soar a mecanicidade me chamando.
quando espero soar a mecanicidade me chamando meu peito soa como um bumbo. quando espero soar a mecanicidade me chamando meu peito soa como um bumbo me lembrando que a realidade bate forte, não é lenta e a possibilidade de se repetir é inexistente.
a palavra de ordem mais pertinente é GRAVE. aperte o rec nos melhores momentos, coisas e oportunidades e os visite na memória sempre que puder, revendo o valor e o significado que eles têm. porque possivelmente eles não mais se farão presentes.
vinícius
FOTO: momento. Por Vinícius Lírio. Mercado Modelo - Salvador - Bahia.

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

[ a fantasia da imortalidade ]

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sabe, você, natural é passear por um ciclo, chegar ao fim dele e aceitar o "the end". entenda que tudo se resume a início, meio e fim.
ei, você! temer a morte é a maior tradução do distanciamento que você mantém desse movimento cíclico. a fantasia da imortalidade se não se torna uma verdade, no mínimo, permeia o seu desejo inconsciente. sim, porque você sente, ama, concretiza, alcança, vive...
entenda, porém, você, que o fim do ciclo da vida é a única certeza irrevogável que pode ter. o depois é que se torna relativo. nasce, cresce, acostume-se, apegue-se como uma flor que cria raizes no jardim. mas não esqueça que, também como ela, um dia será arrancado do solo ou simplesmente secará pela ação do tempo. o fato é que "o sempre" é tempo de mais para a gente.
observe, você! entre o brotar e o secar a flor faz jus a cada segundo de sua existência, exalando um aroma particular, colocando seu traço de cor na massa cinza que nos rodeia, tornando nosso ar mais respirável. já nós, muitas vezes, esquecemos de justificar a existência. deixamos de nos doar, de amar, de manifestar, de ser...
faça, você, do presente o momento. doe cada vez mais para aqueles que lhe rodeia, dando atenção, amor, o ombro, o ouvido, o verbo. porque não sabe até quando estará aqui para doar ou até quando terá a quem o fazer.
ei, você, a imortalidade pode existir. mas enquanto ela não chega acredita no que tocas e lhe dê o sentido completo.
vinícius lírio
FOTO: quando a natureza brota amor. por Vinícius Lírio. UFPE, Recife, agosto/2006.

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

[Não desista de crer nas coisas que você não conhece]

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Abandone o seu manual de instruções fabricado por outrem e foque nas suas próprias necessidades. Levante para uma caminhada enquanto pensa em métodos eficazes para se fortalecer. Permita-se chorar, sentir medo da solidão e errar. Olhe o céu, diga que a sua vida é uma droga e ria depois da besteira que falou, mas não desista de crer nas coisas que você não conhece.


Ouça músicas que lhe remetam a amores antigos, releia cartas escritas e recebidas, esqueça seu endereço por um instante e se perca na cidade. Volte pra casa depois, com o pé sujo de areia, os sapatos nas mãos e se jogue no chuveiro onde as suas lágrimas se perdem em meio a tanta água, mas não desista de crer nas coisas que você não conhece.

Esqueça a data, o horário e as perspectivas para o futuro. Deite no sofá da sala e encare o teto, como se ele fosse o único capaz de entender os seus pensamentos. Depois vire e durma, dormindo... sonhe! Não acorde mais se você não quiser, não sorria mais se a felicidade não te agradar, não me ligue mais se assim melhor lhe couber, mas não desista de crer nas coisas que você não conhece.

Caso alguma ponta de esperança cruze o seu caminho, o caminho até mim continua exatamente no mesmo lugar. Feche meus olhos e peça que eu descubra quem é, enquanto eu aliso as suas mãos tapando a minha visão. Sente ao meu lado e perca as palavras, enquanto eu me viro sutilmente e lhe explico como eu não desisto de crer nas coisas que não conheço.

Eduardo Trindade
P.S.: mais uma parceria no Personal. Esse texto é do cara que sempre me ajuda nos layouts. acho que é uma carta que todos nós escrevemos, ainda que, muitas vezes, só no inconsciente.
FOTO: Vinícius Lírio. Lentes Sony sobre raios num vitrô que voa.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

[ retrô do 9 ]

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setembro está acabando e confesso que GRAÇAS A DEUS. um grande alivo sobrevoa minha face. creio que a leveza da sobrevivência alcançada libera qualquer feição pesada depois de um ciclo cansativo. essas foram as palavras de ordem que nortearam os posts desse mês.
palavra de ordem: RECONHEÇA. observe a si. observe o outro. observe o grupo. perceba suas ações. reafirme ou reformule as convicções. viva e ame. [ a medida do amor // 15/09 ]
palavra de ordem: RECIPROCIDADE. um "olho por olho, dente por dente" na mesma medida, seja para o bem ou para o mal. procuremos, contudo, manter relações que sempre exijam ações recíprocas para o bem. [ se não quisessemos ser tão bons / 07/09 ]
palavra de ordem: SOME. idéias. vontades. humildade. valores. gestos. palavras. porque agregar é sempre é melhor que subtrair. [ nada sei // 10/09 ]
palavra de ordem: humildade. a percepção do outro e das coisas implica apenas um simples olhar sobre o meio. [ forjando convicções // 13/09 ]
eis a palavra de ordem: reconheça-se. retome-se. perceba-se. saber o que há por debaixo das correntezas de nossos "Eu's" se faz urgente para correr com maior segurança até onde nosso rio vai desembocar. [ tempo de narcisos // 20/09 ]
palavra de ordem: PARABÉNS! para a primeira primavera do Personal. novas estações virão. [ #1 // 24/09 ]
palavra de ordem: TATO. acredite no que é concreto de algum modo. tudo que está no plano do "imaterial" e oferece dúvida deve sempre ser tomado como possibilidade, nunca como certeza. [ expectativas // 27/09]
que outubro chegue sob novas vibrações e que novos horizontes se abram para todos.
vinícius.