domingo, 2 de novembro de 2008

Rainmaker

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Sabe,

Eu costuma acreditar. Acreditava que poderia escutar, que sabia o que cada palavra causava. Acreditei que não precisava desligar o telefone, que precisa sempre estar a frente.

Esqueci de acreditar que era humano, que a vida se faz mesmo diante de normas e leis nos guiando. Não acreditei no curso natural, do bem e do mal. Não há como negar.

Vou escutar mais. Sentir mais. Usarei mais a caixa de mensagens. Colocarei outras pessoas a minha frente. E, por fim, farei chover.

Ao menos por um dia,
Vinícius.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Comunicado

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Oi,

há um tempo sem mandar nem um bilhete, prometo que em breve volto a lhe escrever.

Lembranças a todos,

Vinícius

sábado, 20 de setembro de 2008

Bilhete de um broxa

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Sophie,

não é sempre que acontece. Mas também não foi a primeira vez. Talvez tenha sido o cansaço, o estresse de uma semana inteira, a discussão prévia... Não sei ao certo. Queria ter conseguido. Mas não foi assim. Infelizmente. Não quero parar de tentar. Da próxima vez, acho que será diferente. Vou tentar, ao menos. Deixo o bolo queimado em cima da pia. Não pude mais lidar com ele. Por favor, jogue no lixo quando acordar.

Bom dia. Nos vemos mais tarde.

Vinícius

domingo, 7 de setembro de 2008

Lamentando Lamentar

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Oi,

hoje acordei cedo, queria não me atrasar. Enquanto corria, cortando o frio da manhã, lamentava o fato de naquele clima tão aconhegante não ter continuado na cama, enrolado num bom cobertor, que tive que abandonar. Reclamei da resistência do chuveiro ter queimado durante meu banho. Quase chinguei o porteiro do prédio quando tava saindo e ele bateu o portão, me deixando entre os dois portões de saída, me obrigando a tirar as chaves do bolso para abrir. Lamentei ter que pegar ônibus lotado para chegar num trabalho estressante que me tomaria o dia todo. Por fim, declarei guerra ao tempo, que atrasaria (de pirraça, tenho certeza) a chegada da noite e o fim desse dia.

Foi quando, avistei num passeio frio e sujo, uma família inteira: uma mãe (suponho, eu) e seus três filhos pequenos. Percebi que eles não tinham tido cobertor durante a noite toda, por sabe-se lá quanto tempo; que não tomavam banho, nem frio, nem quente, há dias; que não tinham se quer uma porta para abrir, pois a chave da casa que não tinham tardava a ser entregue; que seu único meio de transporte eram suas pernas fracas que ainda os sustentavam e os levavam de um lado para outro sem rumo; e que, por fim, provavelmente não se atrasariam para nada, porque não tinham local algum pra ir, com ou sem hora marcada.

Então, para completar meu dia de lamentações, lamentei minha consciência falha e minha visão pernóstica, que agora daria uma atenção maior para os passeios e esqueceria um pouco de qualquer lamento em vão.

Achei que devia te contar.

Com outro horizonte,

Vinícius

domingo, 3 de agosto de 2008

*bilhete numa segunda

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Oi,

tive que sair antes de você acordar. Ainda sinto seu gosto. Sua fragrância me persegue como um espírito inquieto sem a luz. Tive que ir, antes que isso tudo se perdesse depois de um banho frio e um café-da-manhã qualquer, numa segunda. Te ligo, antes que voe, antes que me ame, antes que minta, antes que eu chore, antes que você chore. Não estou com medo. Não fique com medo. Não estamos perdendo. Só indo em direção de onde não conhecemos.

Amor,
Vinícius

domingo, 13 de julho de 2008

*brainstorm

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Oi.


A pergunta é: o que você realmente quer? Não adianta um brainstorm sem norte, quando a bússola dos seus desejos não define uma direção. É preciso saber o que se quer, para saber quando encontrar. Não posso e não quero te oferecer possibilidades. Ou você come o que eu deixei no prato ou compre um cachorro-quente na esquina (sem condimentos, por causa da gastrite).


Quando voltar, a gente se fala melhor.


Até mais tarde.
Vinícius

domingo, 29 de junho de 2008

*por um doce de leite

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Sara,

hoje me lembrei de você. Lembrei do que você era, de como éramos. Juro que faria tudo para não acordar daquele pensamento que seria sonho, se dormindo eu estivesse. Mas, acordei. Deixei você ir, mais uma vez, para longe.

É engraçado como nosso inconsciente nos domina. Sem qualquer impedimento vil da nossa razão, ele nos domina e nos revela o que há por trás de toda e qualquer máscara que venhamos mantendo.

Sabe, outro dia entrei numa padaria para ver se algo me interessava. Eu não estava com fome, nem se quer com vontade de comer algo em especial. Era o mero desejo de entrar para encontrar alguma coisa. Não questionei o desejo e entrei. De repente me deparei com um pote de doce de leite em pasta (você deve lembrar que eu gosto muito doce de leite, de qualquer jeito). Comprei. Ao contrário do que pensei, no entanto, cheguei em casa e não o comi. Coloquei na geladeira e esqueci. Até que no meio da noite, por volta de 3h da manhã, acordei com água na boca. Não errei o caminho.

Você, hoje, está sendo meu doce de leite. A diferença é que está numa geladeira bem mais distante, a qual eu não tenho livre acesso às 3h da manhã. Dormirei com água na boca de você, na certeza de que, ao amanhecer, em alguma outra padaria encontrarei um pote de doce de leite ao meu alcance.

Saudades,
Vinícius.

sábado, 21 de junho de 2008

*metáfora de uma viela

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Liza,

fiz hoje uma boa ação: ajudei uma pessoa que não via muito bem a percorrer melhor seu caminho. Percebi que nem sempre ter a visão nos permite ver as coisas. No final das contas, o caminho sempre esteve ali, mas ele não sabia como passar ou tinha preguiça de passar por lá. Quando o vi naquela incerteza, puxei ele pela mão e o coloquei para fora da viela.

Ironias a parte, a boa ação foi para mim mesmo. Também estava preso na tal viela, pelas mesmas razões, eu acho... o fato é que consegui sair de lá, dei umas voltas pelo calçadão, vi o pôr do sol, senti a brisa no rosto e ao passar em frente da viela, percebi que não queria entrar em nenhum outro lugar que não tivesse saída dos dois lados. Afinal, todo caminho tem que levar a algum lugar.

Estou de volta na semana que vem, se der me espere na estação.

Abraço e lembranças a todos,
Vinícius

domingo, 8 de junho de 2008

*por vir

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Oi,

pensei que fosse encontrar por agora, mas acho que coisas maiores e melhores estão por vir, então, não encontrei. Quando chegar, te mando notícias. Não sei se será preciso. Minha explosão de felicidade será de tamanha dimensão que nos céus dos seis continentes raios luminosos cortarão o infinito refletindo tudo o que me espera. Até lá receberá notícias minhas por bilhetes mesmo...

Por que estou sendo tão breve? Porque é isso mesmo. Uma história curta de quem espera, porque sabe que vai chegar. Enquanto isso, é não tirar os olhos do que está por vir e continuar vivendo.

A gente se vê.

Vinícius

domingo, 18 de maio de 2008

*mim por mim

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Hey,

estamos perto agora. Gosto de quem você é, pelo que você faz, pelo que não faz também. Gosto de saber que gosta de mim por mim. O que parecia impossível se faz presente, exatamente do modo que sempre quis que fosse.

Como pode o que sempre foi tão difícil se fazer real?! Não quero, nem preciso descobrir. O impossível não existe. O fato é sempre possível, seja lá o que for. Quando se encontra o que sempre se desejou, isso se torna a possibilidade mais doce de nossas vidas.

Vai durar o tempo que imaginamos, da maneira que imaginamos e como sempre desejamos. O ciclo não vai se fechar. Pararemos na segunda fase: paixão, amor... deixemos a traição e o abandono para quem assim imaginar-se. Não é o nosso caso.

Devo sair mais cedo do trabalho hoje. Te encontro no mesmo local de sempre, com um sorriso na face e um abraço de quem conta as horas para te ver desde essa última linha...

Amor,
Vinícius.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

*sem saudades

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Sara,

juro que não lembro mais. O tempo que preciso é agora. Sei que não conheço o caminho, você não enviou um mapa, mas vou chegar. Na verdade, estou chegando. Escrevo da 16ª estação de trem. Espero ser bem recebido, pois não tenho como voltar, nem quero.

Agora não tenho mais tempo para me alongar nas lembranças, o trem já chegou, preciso ir. Aguardo ansiosamente pelo que me vem a partir desse momento (com um fio de medo, confesso, que até nem deveria existir, porque tenho certeza que vou chegar bem). Estou chegando a partir de agora.

Até a vista.
Sem saudades, desejo te ver o quanto antes.

Vinícius

domingo, 20 de abril de 2008

Para lembrar

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Oi, Lisa!

Há tanto tempo sem te escrever, estou te mandando um bilhete para lembrar que mesmo na ausência, ainda estamos presentes, basta sermos lembrados. Ainda que de tempos em tempos, basta sermos lembrados. Lembrei de você e te fiz presente, nesse momento. Ao mesmo tempo, me farei presente aí, por estar lembrando-te de se lembrar de mim. Quem de nós é responsável pela ausência, não interesssa. Sob a influência "rodriguiana", eu me desculpo: Perdoa-me por me esqueceres!

Saudades,
Vinícius.

domingo, 23 de março de 2008

Um registro

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Vida,

toda vez que vejo seu rosto, meu coração e minha alma sorri. Isso sempre me faz tão bem, embora as vezes machuque.

Sem rodeios: estou me apaixonando por você. Você me faz livre. Quero aproveitar tudo isso que chamam de vida, mas não consigo sem ter você por perto. Estou apaixonado. Nunca te deixarei. Basta que continue me amando do mesmo modo que eu te amo.

Sinto que fui feito nesse mundo para te amar, te segurar perto de mim, te sentir, respirar você. Viver você.

Faça o que quiser com esta carta. Porque indepentende das palavras contidas nela, eu te amo sobre qualquer forma de registro. Esta é a apenas uma.

Amor,

Vinícius

quinta-feira, 6 de março de 2008

Imagine

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Vince,

"...passe a imaginar que vai conseguir, não porque é bom demais ou porque merece, mas porque vai. Sim, eu estou sonhando. Mas sabe de uma coisa?! Não sou o único. Imagine você conseguindo, comemorando e compartilhando..." - foi o que eu te disse há alguns meses. Parece que você seguiu meu conselho. Fico feliz que tenha se juntado a mim e passado a ser mais um num mundo que sonha.

Então, como diria certo poeta... "sou um sonhador. Mas, não sou o único. Eu espero que um dia você se junte a nós. E o mundo vai viver uma coisa só".

Estou muito feliz que tenha conseguido. Imagine...

Até breve,

Vinícius

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Aquele que não foi lido

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Sofia,

estou saindo de casa. Cansei. Resolvi trocar os 'por quês' pelos 'porquês'. Quando não mais encontrar exclamações, usarei as demais pontuações, exceto uma: a interrogação. Cansei. Estou voltando para casa, embora não sabia o porquê (não quis questionar, para não começar traindo minha nova resolução). Quando descobrir, mando algumas linhas com o porquê. Na segunda pego o restante das minhas coisas. Estou saindo em silêncio. É para sempre. Por isso vou bater a porta devagar. Ah, isso não é um abandono. É apenas uma mudança de status.

Amor,
Vinícius.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Bilhete no escuro

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Mãe,

faltou energia. Acendi velas que aqueceram um inconsciente. Adormeci onde não sei, o escuro não me permitia ver um palmo de realidade. Quando chegar, se tudo já estiver claro, me acorde com o leve toque das suas palavras no mais sincero pronunciar das suas mãos. Cuidado com cera quente, sobretudo com aquela que não emanou das velas.

Vinícius

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Do Momo

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Oi, Maria.

como foi seu carnaval? Aqui em Cruz foi muito divertido. As bandas de fanfarras estavam mais animadas, nem pareciam aquelas do ano passado, que nós não saímos nem do passeio para dançar. Esse ano fui atrás de todas.

Sabe o que teve mais? Máscaras! Muitas. Mas eu continuo querendo passar longe delas, elas me assustam. No primeiro dia de festa, uma se aproximou sem que eu percebesse, deu um monte de voltas perto de mim, fiquei tão assustado que não quis mais brincar e a noite quase não dormi lembrando.

Mas nos outros dias... ah, Maria, como me diverti. Conheci tanta gente de outras ruas que vieram para a nossa. Senti falta de você. Espero que tenham te levado em algum lugar ai na capital. Sei que não é legal como aqui, mas como você escolheu este caminho, que posso fazer, né?

Mês que vem te escrevo de novo.

Abraço e lembranças a tia!

Vinícius

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

alone

Oi, Isa,

Como está tudo por aí? Continua trabalhando na assistência ou resolveu abandonar "gente"?

E por falar em gente, essa noite, enfim, fiquei só. Foi bom, pude avaliar como é ficar sozinho. Não gostei muito da sensação, embora o silêncio tenha uma ótima sonoridade.

Senti como se uma bolha inquebrável me envolvesse e por mais que um mundo cheio de possibilidades circulasse por fora, não conseguia perfurar aquela límpida camada azul e, paradoxalmente, sair para entrar (e viver). Ainda que visse aquilo tudo a minha disposição.

Quando enfim me dispus a sair, não pude. Estava preso por uma muralha interna que limitava minhas vontades. Vi como podemos, numa noite, Isa, passar de vida a sobrevida.

Mas o dia amanhaceu e tive que enfretar o barulho da realidade, que não me conforta e me obriga a conviver com ele.

Falar em realidade, a minha me chama. Tenho que ir. Em breve volto a te escrever.

Forte abraço e lembraças a seus pais.

Vinícius

domingo, 13 de janeiro de 2008

Km 42

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Serapião,

como vai meu bom irmão? Quero agradecer pelo apoio de sempre e pela visita na última quinta. Nossa conversa me levou a pensar sobre rumos. Ah, resolvi não mais pegar o Km 42 para o trabalho, realmente perdia tempo com o congestionamento, embora o trecho seja mais curto.

Percebi que estava no caminho errado e estava insistindo em seguir por ele, mesmo todos os dias tendo algum inconveniente quando passava por lá. Então, pensei no quão limitado em minha visão eu estava sendo, afinal de contas havia outras vias, menos complicadas, mais fáceis e até mais prazerosas, com uma perspectiva de alcance bem melhor.

Por isso decidi tornar meus rumos mais leves, sabe, Serapião?! Já não tenho estado tão disposto como outrora, preciso me cuidar, senão não creio que fecharei esta década, meu bom amigo.

Bom, espero por você na próxima quinta, avise a Neo que o aguardo também.

Abraço fraterno,
Vinícius.

domingo, 6 de janeiro de 2008

De Mal

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Oi, Sarah.

Não quero mais falar com você. Não consigo desculpar por você ter colocado aquele cabo de vassoura na jante da minha bicicleta. Machucou feio, sabia?!

O pior foi você mentir sobre o que tinha feito. Jogou a culpa para mim e ainda riu como se nada tivesse acontecido. Começou a chover, você correu e eu fiquei só, estranhamente queimando na chuva.

Eu sei que você tinha que ir, porque cada um é responsável pelas gotas que nos molham. Mas você poderia, ao menos, ter me ajudado a secar, não só a água, mas o sangue que ainda escorria da queda que você me deu.

Lição aprendida. Percebi que gostar de você me fazia mais mal do que bem. Que você era como uma coca-cola gelada sobre minha gastrite: gostoso no momento; dor pontiaguda e solitária depois. Decidi que queria me curar disso.

Outra lição aprendida. Vi que para ser feliz no amor, basta amar a pessoa certa. Acho que quem provoca feridas em alguém que nos ama não seja essa pessoa.

Fique bem. Sei que já está. Permaneça, então. E cuidado ao andar de bicicleta, pois cabos que vêm, às vezes, voltam.

Vinícius.