De outro lugar

Oi Ana,

como estão todos? Espero que tenham passado bem. Eu tenho caminhado - com os pés, pra variar. Continuo sonhando. Vez por outra contigo e tuas irmãs (lembranças a elas por mim).

Na última noite tive um sonho diferente. O mais real que já tive. Não conhecia aquele lugar, mas era mágico. De um lado havia um campo extenso, num verde iluminado com um contraste suave por flores quentes, grandes, tão grandes que jamais consegueríamos colhê-las. Do lado oposto tinha um lago azul, escuro, delimitado pelo horizonte de um luar sombrio, cortando o espaço com raios de uma luz branca que vinha do alto.

Uma sinfonia tocava ao fundo. Sons de animais complementavam aquela música suave. De repente, surgiram de toda parte seres estranhos, parecidos com nós, humanos, mas, ao mesmo tempo, sublimes. Alguns podiam voar. Senti vontade de fazer aquilo, meus pés, no entanto, pareciam estar presos ao chão e o máximo que consegui foi um giro com os olhos. Foi quando um deles veio em minha direção e soprou algum tipo de pó em mim. Comecei a me sentir mais leve e quando ensaiei desgrudar os pés do solo, acordei num súbito como se fosse cair da cama.

Tentei pegar no sono de novo, para ver se voltava ao sonho do ponto em que parei, mas não consegui. Frustrado, levantei e voltei para esse mundo chato, com verdes comuns, flores normais e nós.

Bom, ano que vem quero começar o ano em algum lugar assim, será que se eu dormir durante a meia-noite esses seres vêm me buscar? Vou tentar...

Ana, que 2008 traga coisas mágicas para você também. Até lá.

Vinícius.

Bilhete pra Noel

Senhor Noel,

esse ano não vou pedir presentes, acho que não me comportei muito bem, então não acho justo ganhar algo. Mas gostaria ao menos que o senhor trouxesse um tiquinho de paz para aqueles que gosto e para aqueles que não gosto também, afinal já que estamos todos nesse barco, que tenhamos, juntos, um pouco de paz, não é?

No mais, até o ano que vem. Vou tentar me comportar melhor para poder pedir presentes mesmo. Isso de pedir paz, saúde e tranquilidade é legal, mas um bom presentinho não faz mal a ninguém, né?

Feliz Natal para o Senhor e bom trabalho esse ano.

Vinícius

Carta Grata

Maria,

pedi apenas uma lembrança, não precisava um balaio inteiro de recordações. Lembro de cada dia como se ainda fosse ontém. Engraçado essa coisa de tempo, ele nos castiga e ao mesmo tempo nos favorece numa outra dimensão.

Por falar em castigo do tempo, não vou me alongar muito. Ninguém tem mais tanto tempo para cartas, não é? Eu mesmo, as que tenho recebido, leio o início, palavras importantes do meio e o final. Afinal o que for tão longo e tão significativo deve ser dito pessoalmente, não acha, Maria?

Pois bem. Continuo passando como a vida permite, indo e vindo todos os dias da Rua das Oliveiras, marcando o tempo com os passos que dou em direção para onde vou. Aboli relógios e calendários. Você deveria fazer o mesmo, sabe, Maria?! Você ganha em paciência e tira de si as amarras temporais.

Ah, obrigado pelo cachorro no balaio. Cuidarei bem dele.

No feriado devo passar para te dar um abraço. Mas só passar. Não tenho tempo para me alongar numa visita.

Lembraças a seus pais e familiares.

Carinho,

Vinícius.

Lesson Learned

- quanto tempo se demora para aprender algo?, foi o que Maria, aos 7 anos, perguntou a sua tia.

- o mesmo tempo que você levou para chegar a essa pergunta, respondeu a tia.

- hum... acho que menos de 3 minutos, então... retrucou Maria.

- se você "acha" é porque ainda não aprendeu. tenha certeza e, então, voltaremos a conversar, disse firme a tia.

- quando voltarmos a conversar, a senhora me leva para tomar um sorvete?, aproveitou a menina.

- quando você voltar, se ainda quiser sorvete, conversaremos num final de tarde, observando o pôr-do-sol numa bela sorveteria. sob a certeza de que o sol vai se pôr e de que o sorvete se derreterá se não formos rápidas, ainda que não tenhamos garantia de ter aprendido algo sobre coisa alguma .

- lição aprendida, tia. posso sair pra brincar?

Vinícius Lírio

P.S.: novo layout, para esse último mês de 2007, numa versão já 2008.

-> angústias de uma primavera

365 dias numa vida. o que se pode fazer? o que não se pode? o que de fato se fez. mensurar é um modo de balancear sua produtividade. frustrante é perceber que pouco foi feito, embora muito pareça.

um ano e nada de completo, de significativo. onde estão as coisas extraordinárias? perderam-se no vale do comum, onde nada acontece, a monotonia prevalece e o desânimo impera.

em algum lugar ouvi dizer que "viemos a esse mundo para ser feliz". bom, qualquer que seja o tamanho desse vale, estou saindo dele e onde quer que eu vá, nele não pretendo cair. e se voltar, será para desmistificá-lo. afinal, mesmo no comum há algo de extraordinário, ainda que possamos levar 365 dias para perceber.

27 de novembro. mais uma primavera. estou indo nessa. afinal está chegando o verão. até mais, para quem fica. sigam-me os bons!

Vinícius Lírio.

-> carta de um animal

resolvi que não escreveria mais. escrever consumia demais daquilo que eu era. na verdade, o que eu era sem a escrita? um animal faminto em pleno instinto selvagem, sem rumo, sem limites...

e depois, o que eu era com a escrita? um animal faminto em pleno instinto selvagem, sem rumo, sem limites, contando através de cartas minhas proezas.

parar de escrever, então, me traria economia em selos, descanso para as articulações da minha mão, ócio à minha mente e... basta! que venha o sedentarismo!

é isso. carinho,

Vinícius.

agora que terminei, deixe-me selar e colocar no correio mais esta.

-> o último encontro

não havia mais tempo, mais tempo para perder ali. aquilo era tudo que se procurava? se ela pudesse sentir seu toque só mais uma vez. mas ele já não estava com ela, ainda que ela o desejasse ali. ela não queria, contudo, esquecer que o presente é uma dádiva. não queria mais perder tempo esperando que ele estivesse com ela. ela sabia que não havia garantia do amanhã.

quantos não sabem o que é o amor? milhões nunca saberão. a gente sabe até que perde, que aquilo era tudo que se procurava: acordar pela manhã com a pessoa amada ao lado e agradecer por ter tudo que procurava. um beijo. um toque. uma promessa de amor. como se cada encontro fosse a última vez em que estariam se vendo.

Vinícius Lírio

-> por si só

elas correm por ai
o sol se põe como sempre
o dia segue seu curso
ela também, no seu caminho
em seu trage azul
porque toda lágrima seca por si só.

Vinícius Lírio

-> haicai sem querer

tudo satisfeito

movimentos inesperados, vontades vivas

ilusão perfeita de um sonho impossível.

Vinícius Lírio

-> não é fácil

quem disse mesmo que seria fácil? não é fácil. esperar o dia amanhacer sem querer ver o sol, porque sob ele não estariamos. eu estaria. você estaria. vocês estariam.

não é fácil saber por onde ando sem ter idéia de que trecho do universo, nesse momento, recebe seus passos.

não é fácil crer que um dia divideremos um par de poltronas, quando viajamos para locais cada vez mais opostos. nada posso fazer. não é fácil.

me preparar todo dia para quem sabe ver os olhares de outrora se cruzarem, não é fácil. ah se o desejo voltasse num lapso do "time". esquecer, não é facil.

não é fácil ver-nos cruzar sem poder permanecer. é quando queria que 5 segundos fossem 5 horas. mas não são. e não é fácil ver a distância ser retomada ao fim do toque de dedos.

fim da música, hora de esquecer. é estranho e não é fácil.

Vinícius Lírio.

-> at first sight

if you believe in

love at first sight.

you never stop looking.*

olho,

corpo,

processamento de dados,

sangue borbulhando,

mente em descontrole,

raciocínio a zero.

grito silencioso,

sussurros,

massa barulhenta,

multidão de possibilidades.

velocidade numa lenta caminhada,

sangue morno,

mente em controle,

raciocínio processando o caminho...

de mais um...

Adeus!

Vinícius Lírio.

*do trailer de Closer (2004)

FOTO: Clive Owen, Natalie Portman, Julia Roberts & Jude Law, from Closer.

-> truth

_truth is a game...

you play to win*

tirou a maquiagem

e assim foi-se a máscara

o que restou?

uma face despida,

uma mente estendida,

que não subiu ao pódio,

onde só havia mascarados

numa eterna representação de si.

Vinícius Lírio

*do trailer de Closer (2004)

FOTO: Julia Roberts, from Closer (2004)

-> intimacy

_intimacy is a lie...

we tell ourselves.*

aprendeu a caminhar com ele, eu diria que aprenderam juntos. um dia um começou a correr, estimulando que o outro corresse atrás. correram tanto, que logo, um não alcançava mais o outro.

ambos foram tolos. de diversos modos. perderam seus pudores sem que percebessem, porque estavam a correr. alguma coisa mudaria em suas vidas se ambos tentassem se amar.

sabiam que não eram santos. eram seres humanos, com a eternidade e o real nas mãos. embora tenham jogado suas oportunidades pela janela, quando deixaram a porta de suas vidas totalmente abertas.

não teriam, agora, outra chance. não poderiam começar tudo de novo. nem escrever qualquer canção. porque melodias não se constroem em cima de mentiras.

Vinícius Lírio

* do trailer de Closer (2004)

FOTO: Natalie Portman, from Closer.

-> desire

_desire is a stranger...

you think you know*

instinto:

racionalidade do âmago;

inconsciência cefálica;

fogo úmido;

odor sólido;

hábito insólito;

paixão reconhecida;

medidas desmedidas;

2 a 4 horas aquecidas;

num dia que se termina só.

Vinícius Lírio.

*do trailer do filme Closer (2004)

FOTO: Jude Law & Julia Roberts, from Closer.

-> an accident

_love is an accident...

waiting to happen.*

é tão lógica nossa reação diante do imprevisto, que reagimos de modo anti-lógico, traindo Kant e qualquer outra experiência.

fulana estava em Amor, cria na eternidade, desconfiando, porém, do amanhã...

tola insistindo em prever o imprevisível...

crente persistindo em andar na linha do trem, mesmo quando ele está vindo...

animal numa luta irracional pela sobrevivência a tudo que não se sabe...

numa madrugada, fulana concluiu que não podia estar amando, afinal de contas, não havia planejado a imersão de tal sentimento em sua vida antes dos 30...

foi quando sua tímida racionalidade lhe alertou para algo irracional: o amor é um acidente esperando para acontecer.

com todos tropeços, empecilhos, lógica e irracionalidade, fulana deixou uma carta, assinando:

"vivendo em amor, não posso estar em vida.

aos que ficam, cuidado por onde andam,

nos olhos de quem olham

e na alma de quem tropeçam.

Fulana de Tal"

... e pegou carona no trem que a surpreendeu de costas.

Vinícius Lírio.

* do trailer filme Closer (2004).

Foto: Jude Law & Natalie Portman, from Closer.

-> na poltrona ao lado

escrevi para ocupar o tempo e fugir de um pensamento, que por 10 horas sentou-se na poltrona ao lado.

serra após serra, quilômero a quilômetro, tentou dialogar comigo, inoportuno, inconveniente, revelando um inconsciente que estava adormecido.

inquieto, escrevi. o tempo só o fazia insistir. começou a me tocar. não resisti e dialoguei.

a conversa foi em vão. não havia presente, menos ainda futuro. aquele era um pensamento pretérito.

por que então sentou-se ao meu lado se já tinha passado?

porque nem o presente, nem o futuro estavam ocupando o lugar que lhe cabia.

Vinícius.

-> nem uma linha de amor

ela não viu quando as rosas começaram a morrer, também não enxergou o fim do verão, ao menos não nos olhos que perseguia. ela deveria ter entendido que aquele boa noite era, na verdade, um último cumprimento.

quando, enfim, absorveu o adeus, chorou toda noite. naquela noite ela quase morreu por ele. tentou negar que aquele sentimento a deixava louca.

mas chegou a conclusão que se o amor que ele tinha se acabou, se todas aquelas lágrimas não eram suficientes, então ela havia errado e permanecia errando. suas palavras não formavam nem uma linha de amor.

ela pensou que eles consegueriam ser aprovados no teste do tempo, mas aquela, como outras provas, foi apenas lenda em sua mente. ela queria tudo para eles, mas naquele momento era tudo tão doloroso que ela não via mais sentido em se salvar.

a dor que ela sentia, agora, era tão forte. a razão pela qual ela estava aguentando era por ter reconhecido seu erro. tinha errado, sim. por isso suas palavras não formavam nem uma linha de amor.

essa não é, então, uma carta de amor.

Vinícius.

-> vencido

alguma vez você já lutou quanto já estava vencido?
isso acontece quando uma sombra estranha rouba a nitidez da sua visão.
quando você acredita e já não há mais no que crer.
quando você tenta alcançar além do seu braço.
de repente você para.
nota que não ganha, não vence, não crê e não alcança por ter sido vencido.
só o que você sente, no momento, é um enorme cansaço.
uma vontade incomum de mais espaço no pulmão, nas caixas
para a entrada de mais e mais ar.
ar que impulsione uma nova luta.
essa com perspectiva. com vista para um horizonte
largo, desconhecido, ainda a ser desbravado.
então você percebe que a luta antiga era, de fato, antiga.
não fazia mais parte de você.
é quando ser vencido lhe garante a possibilidade de uma vitória.
por isso é importante estar atento.
não se esgotar numa luta que você já deixou de vencer
é guardar energias para uma futura vitória.

Vinícius Lírio [23/04/2007 - 20:33]

-> de um lado a outro

de um lado a outro
inquieto, queria cobertor.
de um lado a outro,
inquieto, trocava os sonhos,
selecionando-os.
de um lado a outro,
dormiu
e acordou
descoberto,
uma mente seletiva,
que sonhou tudo
sobre todos.

Vinícius Lírio

-> tempo

para ombros que suportam o mundo...
quando está sozinho,
quando a luz se apagar
e acender a certeza:
já não sabe sofrer...

cartas pessoais,
num tempo que não pesa mais
que a mão de uma criança,
provando por Cronos
e qualquer outro deus
que a vida prossegue.

Vinícius Lírio

P.S.: Novo layout, dessa vez inspirando-se na magia do tempo e na poesia de Drummond.

_haicai para dentro

era fim de tarde

cortou o pulmão de leve

e acariciou a face: AR.

Vinícius Lírio

_pintura da impotência

tinha mãos, mas estavam amarradas
havia punhos, mas estavam algemados
tinha braços que estavam imóveis
pernas que não podiam correr
boca sem direito a voz.

eis a pintura da impotência
um quadro violentado
com tintas do que é real.

Vinícius Lírio

FOTO: Animal de pelúcia com algemas na cabeça. Hans Neleman.

_metade de mim

via quando não estava.
sentia quando não havia toque.
ouvia num silêncio gritante.
percebia o aroma inodoro.

palavras que não foram escritas,
cartas que nunca foram postadas,
chamadas que não foram feitas,
a ânsia sufocante da espera.

sentidos a postos,
inconsciente clamando,
a razão teimava em não aceitar.

a imagem, o contato,
o som, o cheiro.
é tudo que fica do que não ficou.

Vinícius Lírio [17.05.2007 - 22:42]

FOTO: Palhaça no Pelourinho. Salvador/Ba, Jan. 2007

_quando o sonho acaba

depois das 12 horas,
o corpo pede,
a cabeça implora,
a alma precisa.
a mente nega o sono.
as pálpebras brigam com a consciência,
que evita o sonho
em que o encontro acontece,
a distância nunca existiu
e as palavras soam como uma bela música.
o corpo cede.
a consciência briga pra resistir ao fim do sono,
quando o sonho acaba
e a realidade nega o encontro,
reestabelece a distância
e o som das palavras silenciam
a música que nunca mais foi tocada.

Vinícius Lírio [30/04/2007 - 00:52]

FOTO: Orla da Ponta Verde - Maceió/AL - Dez. 2006

_aquele do centésimo

resolvi que escreveria uma carta. algum aglomerado de letras que explicasse de onde vieram noventa e nove outras cartas. me perdi sem nem mesmo começar. é assim na maioria das vezes: começamos perdidos.

aqui não foi diferente. fui iniciante. fui tosco. fui meloso. fui pessimista. fui romântico. fui racional. fui feliz. me faz feliz.

são poucos os meios que nos fazem expurgar a alma. descobri nas cartas um desses meios.

nelas falei das primeiras pessoas, das segundas pessoas, das terceiras pessoas pronominais. escrevi sobre mim coisas dos outros. cada carta um momento, uma sensação, uma música, uma imagem, uma pessoa, uma besteira ou um nada. tudo era motivação.

reconheci o valor das palavras, a utilidade do CEP, a importância do selo e do veículo postal. descobri o prazer do retorno e reafirmei o valor da fidelidade.

tudo isso no decorrer de 99 conjuntos de palavras em busca de algum sentido. no centésimo, essas palavras buscam resumir um ciclo, agradecer a quem sempre passa e deixa algum bilhete aqui, a quem já passou e, em potencial, aos que continuarão passando e a quem ainda passará.

bem, encerro essas linhas com algo que aprendi no decorrer desses 100 posts: não são fatos isolados que nos definem, o conjunto da nossa obra é que traduz quem realmente somos.

Vinícius.

_haicai para depois

olhou adiante

um muro caiu: não era Berlin, não era muro
era apenas suas pálpebras se abrindo.

Vinícius

FOTO: Boneca numa fachada no Pelourinho. Salvador/Bahia, Jan. 2007

_dance

dançou quando as estrelas se lançaram sob o azul
dançou quando a noite caiu
dançou com seus sapatos de madeira
e um vestido de casamento

e, dançando por qualquer rua,
dançando pelo invisível,
dançou a pequena marionete.
creio que estava feliz.

sorriu com sua bela boca
sorriu, ainda que tivesse os olhos caídos.
sorriu na língua de quem ama
numa canção de ninar.

onde iria quando estava só?
onde iria quando as estrelas se lançavam sob o azul?
se soubesse,
a seguiria quando as estrelas estivessem sob o azul.
dançaria.

Vinícius.

_do outro lado

era verão quando foi visto pela primeira vez. não se sabia que nome dar. apenas tinha certeza que estava no mesmo mundo, de um modo que nunca havia vindo a mente. nunca tinha o olhado daquela maneira.

é uma típica história de descoberta. começa com a primeira vista. aquilo que nunca se olhou antes, parecia agora ter uma beleza quase indescritível. apenas sentia.

sempre se tinha desculpa para não ter visto antes. era difícil crer que realmente tivesse acontecido. quando menos se esperava, aquilo surgiu diante de seus olhos como se não estivesse lá todo dia. era diferente.

era uma típica história de descoberta. viu que do outro lado, lá onde onde a estrela maior se esconde é o mesmo lugar onde ia parar todos os seus sonhos. concluiu, então, que há mais vida no horizonte do que se imagina. inclusive a sua estava lá. porque do lado de cá, ainda estava o desconhecido.

o primeiro encontro com o outro lado acabou sendo reconfortante. desfez-se o mito da primeira impressão, afinal aquilo sempre esteve lá. foi quando se deu conta que do lado de cá havia muita coisa que sempre esteve onde está. sem primeira vista. sem descoberta. agora era enfrentar o ônibus cheio, 40 longos minutos até sua casa, menos de 6 horas de sono até a diária do dia seguinte.

Vinícius.

FOTO: Pôr-do-sol na Baia de Todos os Santos. Salvador/Bahia.

_apenas anjos sabem voar

um dia resolveu contar seus sonhos. acreditava no outro como deveria. cria como se fosse a última face na terra. mas o outro quebrou seu espírito e se desfez de todos os seus sonhos.

tudo isso envolvido num líquido cristalino que brotava de um globo que lhe abria o mundo. pesava. assim nunca sairia do chão. apenas anjos sabem voar, dizia o descrente.

a asa quebrada não impediu as cordas de vibrar, o ar de entrar e sair, nem seu som de se espalhar pelo infinito. com os olhos em riste, o outro ainda a veria voar.

numa manhã de domingo, não havia ido a igreja. todos sentiram sua falta, inclusive o outro, que foi a sua casa. encontrou um bilhete próximo a janela aberta. cortinas ao vento.

mesmo com a asa quebrada as cordas ainda vibram, o ar entra e sai, o som se espalha. levantou os olhos, encheu os pulmões e pôs-se a cantar. o outro deveria vê-la voar, concluiu o descrente num discurso póstumo.

"ainda que tenha uma asa quebrada, me resta uma outra. é com ela que vou voar", dizia o bilhete próximo à janela.

Vinícius.

_respirando no momento

tomou uma estrada na última sexta, numa noite branca, esperava chegar a tempo do natal. ansiava por ver sua mãe.

500 quilômetros ainda faltando, já estava quase sem esperança e sem gasolina. tinha sido um ano dificil. havia muito no que se pensar, tanto que não prestou atenção no quanto estava indo depressa. antes que se desse conta, já estava girando numa linha tênue, ignorada todo dia.

viu sua vida ante os olhos. era tudo tão rápido, que não se teve tempo para lágrimas. num súbito desesperado, jogou as mãos para o céu e pediu que fosse guiada pelo melhor caminho. já não queria mais estar no controle do volante - e não estava.

diante da quebra de uma linha tão frágil, percebeu que não podia fazer aquilo só. pediu, então, uma nova chance do lado de cá da linha. sentiu o frio aumentar sobre seu corpo trêmulo. o carro parou. e, como nunca havia feito antes, provou o sublime sabor do ar entrando e saindo do seu corpo. agradeceu e respirou.

sentiu que devia mudar. daquela noite em diante, hoje, respiraria cada momento. foi quando sua mãe disse que parasse de brincar com aquele carrinho e não continuasse a narrar histórias assim.

Vinícius Lírio

[ sanidade: quem tem? ]

sabe pensamentos sem justificativa? são como o vento que sopra quando quer, sem o domínio de nada que lhe é externo. algumas coisas podem até desviá-lo, mas onde quer que ele bata sempre haverá um retorno.

pensamentos assim você desvia, evita... embora eles não dêm a menor atenção ao que sua razão, rija, lhes ordene. quando eles querem vir, eles vêm. fazem você se questionar sobre a sua própria sanidade.

afinal, onde foi parar a sanidade do ser racional diante de "fenômenos" como esse? na maioria das situações nossas de cada dia nos julgamos sempre capazes de resolver, horas mais facilmente, horas nem tanto...

de repente somos acometidos por algum tipo de invasão ao consciente que nos tira do eixo... e aí, já era sono, tranquilidade, fio da meada... é quando nos perguntamos: será que estou ficando louco? de tão injustificáveis que são os invasores...

a questão que fica é: em algum tempo deixamos de estar insanos?

haja consciência e sanidade para responder.

Vinícius Lírio

" I realized I've got me, that's all I've got in the end, that's what I found out

and it aint no need to cry. I took a vow from now on. I'm gonna be my own best friend* "

FOTO: Me, myself and I. Vinícius por Eduardo Siemens. Edição by Vinícius Lírio

* "Me, myself and I" - Beyoncé Knowles

[ like a star: acendendo a luz ]

complica dali,
complica de cá,
os ponteiros descomplicados
a movimentar-se sem se quer uma pausa
nem para uma breve respiração.
o caminho é...
nunca foi segredo,
uma, duas, três...
incontáveis já o fizeram.
a partir daquela noite
ele também sabia que podia percorrer,
só precisava sair da confusão,
acender uma luz e bater a porta na cara do escuro.

Vinícius Lírio

" I have come to understand,

The way it is,

It's not a secret anymore,

'cause we've been through that before,

from tonight I know that you're the only one,

I've been confused and in the dark,

Now I understand...* "

FOTO: Like a star. Rogério, Eduardo e Vinícius, por Eduardo Siemens. Edição by Vinícius Lírio.
* "Like a Star" - Corinne Bailey Rae

[ o Grande Gesto ]

descobri recentemente:
nem toda verdade faz bem,
meia mentira às vezes se justifica,
meia verdade pode ser uma mentira.
se vale a pena?!
parte da teoria ainda não concluida.
tudo pode ser válido
quando faz parte de algo maior.
quando o medo esconde,
há algo muito prazeroso.
descobri recentemente:
as ações conduzem,
as decisões definem,
os GRANDES GESTOS devem existir.
na falta deles,
lutas sem objetivo,
facilidades insignificantes,
trajeto sem linha de chegada.
fazendo meu "grande gesto",
garantindo minha longevidade,
mantendo as teorias inconcluídas.

Vinícius Lírio

" and I fell just like I'm living someone else's life

it's like I just stepped outside

when everything was going right

and I know just why you could not

come along with me

but it was not your dream

but you always believed in me

let me going home

it all will be alright

I'll be home tonight

I'm comming back home* "

FOTO: Home. Vinícius por Eduardo Siemens. Edição by Vinícius Lírio.
* "Home" - Michael Bublé

P.S.: O trecho da música tanto na foto como re-escrito no post faz parte de uma das melhores músicas que já ouvi, tanto a melodia quanto a letra são muito bons. Fica ai a indicação para os leitores do Personal. Escutem.

[ Listen ]

não é possível completar um raciocínio tão claro,

as palavras fogem como água nas mãos,

embora os pensamentos sejam objetivos...

escuta a si de um lugar de onde não vem som,

mas que grita e cala, em momentos sempre oportunos.

há algo por dentro que tem vida,

ainda que pareça não haver pulso.

só,

em casa - mesmo sem sentir-se acolhido,

a bomba no lado esquerdo alerta:

há mais em si que aquilo que modelaram.

Vinícius Lírio

" there is someone here inside

someone I thought had died so long ago

I'm screaming out

and my dreams should be heard

they will not be pushed aside and turned

into your own, all 'cause you won't listen*"

FOTO: Listen. Vinícius, por Eduardo Siemens. Edição: Vinícius Lírio.

* "Listen" - Beyoncé Knowles

[ what goes around comes around ]

é como quando vira o dia,
no breu da noite ou no cinza da neblima matinal.
no pensamento equivocado, quando o melhor é calar...
questionando o justo, duvidando do incerto.
em silêncio.
o adeus não define,
quando se desconfia do que aparece e parece.
na verdade, na mentira: o tempo.
trata-se de um enredo mal construido.
o espaço e o tempo não condizem.
tudo é sempre o tempo,
confirmando que tudo que vai,
um dia volta.

Vinícius Lírio

" is the way it's really going down?

is this how we say goodbye?

shouda known better when you came around

that you were gonna make me cry

it's breaking my heart to watch you run around

cause I know that you're living a lie

but its ok, cause in time you will find

whats goes around, don't go away, back around* "

FOTO: what goes around comes around

Vinícius Lírio, por Eduardo Siemens. Edição by Vinícius Lírio.

*"What goes around comes around" - Justin Timberlake

[ Cruz: encontrando a si mesmo ]

era uma vez a hora de jogar a toalha.
escrevi sobre isso.
quando João e Maria perceberam que a casa de doces era uma farsa.
quando João, de novo, viu que o pé de feijão era alto demais.
quando passamos noites sem dormir.
quando pássaros pousam na sua janela e voam.
quando não devemos nos preocupar.
depois da gastrite,
percebi que nem sempre estamos bem,
mas tudo bem. tudo sempre muda.
mesmo quando tudo parece sempre o mesmo.
não podemos hesitar.
troquemos nossos jeans.
andemos contra o vento.
achemos sonhos.
sempre encontraremos a nós mesmos em algum lugar.

Vinícius Lírio

" turn on the radio

and I'm feeling like I never felt before

turn down the memories of yeasteryears and broken dreams

I'm free, finally free

slowly drifting into a peaceful breeze "*

FOTO: Cruz - Vinícius Lírio, por Eduardo Siemens. Edição by Vinícius Lírio.

* "Cruz" - Christina Aguilera

[ fã ou quando há laços ]

gosto de pensar que quando acordar terei referências,
amanhã ou daqui há 10 anos.
gosto de pensar que quem conheci ontém, estou mantendo por hoje, não se irá amanhã...
mesmo estando longe.
quero acreditar que quando retornar,
amanhã ou daqui há 10 anos,
terei referências... de mim, do que vivi e do que deixei marcado.
o tempo é de instantaneidade, instabilidade e descartabilidade.
salve a pessoa.
viva os laços.
mantenha-os firmes quem puder.

Vinícius Lírio

" quero contar meus segredos e ganhar um beijo,

um sorriso, um retrato, uma mão...

não me canso de dizer o que sinto por você...

você é uma pessoa maravilhosa...

que Deus ilumine a estrela que és!

olá, eu sou seu fã. o número 1, sou seu fã.

não durmo direito, não como, não bebo...

só vivo de te ver passar.

você realiza meu sonho, é a minha razão de sonhar!* "

FOTO: Fã - Vinícius e Thalita Lírio [irmãos] por Eduardo Siemens. Edição: Vinícius Lírio.

* "Fã" - Ivete Sangalo.

[ story of my life ou triângulos ]

é, no mínimo, irônico como alguns triângulos têm lados iguais.
todos os lados dessa figura, cedo ou tarde, acabam refletindo os outros
seja por luz, por breu ou por experimentação.
a ironia está no fato de que, quase como um círculo, o triângulo gira.
primeiro no V, depois no R e, por último, no E.
letras aleatórias [ou não] mas que fecham um triângulo equilátero.
sorte ou azar, essas letras fecharem essa figura?!
fica um tanto estranho achar que a areia que cai sobre um dos lados, invariavelmente, cairá sobre os outros. tem acontecido.

Vinícius Lírio

" Cada vez que siento que el mundo se me esta cerrando

Solo pienso en escaparme del mal

Y cada vez siento que el aire se me esta acabando

Solo pienso en volarHasta donde nadie me puede encontrar...

What do you do when your water runs dry

When your greens and your blues turn to black and white

It's the story of my life "*

P.S.: Continuam os posts com as fotos do álbum do meu extinto profile do orkut. Essa é a 3ª, uma das que mais gosto. Bom faltam 9 ainda. Curtam aí! Boa semana pra todos!

FOTO: Story of my life. Vinícius Lírio por Vinícius Lírio.

* "Story of my life" - Frankie J.

[ stole ]

" acho que amanhã vou sair,

comprar um sorriso

e ser livre "

a razão pensou que não mais pensava
até que a bomba de sangue do corpo lembrou-a
o corpo é bipolar, no mínimo
querendo, não pôde
não podendo, se conformou
a razão resolveu dar as mãos à bomba
passear na orla,
achar a loja certa
comprar um belo riso
e embarcar na liberdade.

Vinícius Lírio

"he was always such a nice boy / the quite one / with good intentions / he was down for his brother / respectfull to his mother / a good boy / but good boys don't get atention / he's not invisible anymore"*

FOTO: Stole. Vinícius Lírio, por Eduardo Siemens.

* "Stole" - Kelly Rowland

[ cannonball ]

Sabe a vida?! É mesmo uma caixa de surpresas.
Quando você menos espera ela lhe dá provas de soberania.
Resta se curvar, respeitar e agradecer o que ela nos manda...
Positivo ou negativo. Quem pode julgar?
A relatividade impera e a soberania continua predominante.
O fato é que, no final de tudo, sempre seremos felizes...
Durante o processo teremos diversas alegrias que, no balanço soberano da vida, culminarão na felicidade eterna - seja lá quanto isso dure.

Vinícius Lírio

"Stones taught me to fly

Love, it taught me to lie

Life, it taught me to die

so it's not hard to fall"*

Com esse post estou começando uma série com base nas fotos do meu último álbum do orkut [do meu extinto profile]. As fotos, editadas por mim, contam com trechos de músicas que, de certo modo, traduziam um momento, uma sensação ou apenas 'meu gosto' numa determinada época. É isso, espero que curtam, tanto os posts quanto as fotos.

FOTO: Cannonball. Maceió-AL. Dez. 2006, por Vinícius Lírio
* "Cannonball" - Damien Rice

[ nunca é tarde ]

costumamos achar que não há tempo. não há tempo para irmos na esquina do mesmo modo que não há tempo para fazermos uma nova graduação.

não há tempo para investirmos em nós mesmos porque demoramos demais investindo em outras coisas ou em outras pessoas que, de certo modo tinham ou tem ligação conosco, mas diretamente nunca eramos NÓS o foco do investimento.

deixamos que a instantaneidade roubasse o tempo que tinhamos para nós. tudo acontece sempre de modo urgente. uma sirene buzina nos nossos ouvidos a horário de tudo: a hora de acordar e dormir; a hora de desligar o telefone, de sair do msn, de deletar sua conta do orkut; a hora de conhecer alguém, a hora de se afastar também; a hora de investir (numa relação, num estudo, num trabalho...), a hora de parar.

com sirenes gritantes ou não, o fato é que sempre podemos estar fazendo, movimentando-se em prol de nós mesmos. afinal, se não formos nós a fazer isso, quem será?

ontém não dá mais, hoje ainda dá tempo e amanhã será sempre...

nunca é tarde, pra nada.

Vinícius Lírio

Começando uma nova fase do Personaletter. Começando porque estou colocando no ar o novo layout do blog, dessa fez feito todo por mim. Depois de algumas muitas experiências com Eduardo, que sempre me ajudou a construir os outros, resolvi me arriscar nesse sozinho. Espero que curtam, como curti fazer. Usar o termo começar, no entanto, é meio paradoxal porque estarei retomando as 'cartas' "escrevendo sobre mim coisas dos outros". Vez por outra, continuarei com os modestos poemas que marcaram essa última fase do blog. Obrigado aos fiéis leitores que acessam o Personal, espero que continuem passando por aqui. Abraço a todos.

IMAGEM: Tempo Nuovo, Luca Guglielmo.

[ memórias ]

"... quanta gente a gente vive deixando pra trás,
mas tem coisas nessa vida que não voltam mais ..."

a primeira professora - amigos de infância - amigos de depois - colegas - amores

brinquedos - jogos - a volta - a ida

os sonhos de outrora

o riso fácil - as cartas a mão

as conversas repetitivas, mas sempre com graça - as horas em esquinas pacatas

o rio no fim de tarde - o tédio do domingo deserto - o simples.

eu mesmo.

Vinícius.Lírio

FOTO: Santa no Solar do Unhão - Salvador/BA. Por: Vinícius Lírio

[ romovendo raízes ]

única coisa permanente: mudança
mudamos porque queremos
quando não, também.

mudança quando for preciso
mudança quando for bem quista
mudança quando não fores.

mudar implica remover
tirar de um lugar
abrir espaço

para novas plantas
sem raízes improdutivas
com futuro frutífero.

Vinícius.Lírio

" [...] A paixão já passou em minha vida

Foi até bom mas ao final deu tudo errado

E agora carrego em mim

Uma dor triste, um coração cicatrizado [...]* "

*Trecho de "Longe do Meu Lado", Renato Russo

IMAGEM: Raízes - Miguel Dhera

[ 60 segundos ]

Cada minuto que você passa irritado, são 60 segundos de alegria perdida.

esqueci que conscientemente só viveria essa vida

ninguém me lembrou do tempo

a ação dele me fez perceber a pulso

o hoje é hoje

[ mesmo contra vontade ] o ontém não será amanhã

o amanhã prova que querer não é poder

poder depende das escolhas certas

no momento certo

num minuto de sabedoria

60 segundos a favor...

Vinícius.Lírio

[ se todos fossem iguais a você ]

... não existiriam seis pronomes pessoais
... discutir seria sempre você com você mesmo
... opor-se implicaria se aliar
... julgar seria olhar-se no espelho
... alguns verbos sairam do dicionário
... o pudor seria mais latente
... para se entender bastaria olhar o outro
... para ser você, bastaria ser sombra
... a graça se perderia no tédio
... o tempo? se ganharia... para nada.

ser igual não é o que se precisa.
o que há de comum dá forma ao elo.
o diferente fornece o contraste.
eis que se forma o singular.

vinícius.lírio

[ vai ]

foi-se mais um tempo
de marcas novas se formou outro

como pétalas que caem
espaço para outras que brotam
odores, gostos, desejos diferentes
de quem quer um tempo
sem poder esperar o medo passar
sabendo que era para sempre
sem imaginar que poderia ser diferente
o tempo passou
sem ter que ser
escolhas: tatuagem na vida
não há mais o que falar
é deixar como está
no mais...

é fazer de conta.

vinícius.lirio

FOTO: Wenderson Araújo. Salvador, 20/02/2007. Tatoo Aline Rosa, do Cheio de Amor.

[ eis que Momo chega ]

Momo está chegando
capital do Salvador
o chão começa a emanar calor
um, dois, três... milhões
pulos sem sincronia
alegria em massa
suor em demazia
tudo em aproximadamente 140 horas
depois... é cinzas
o letivo começa de verdade
e a espera também.

vinícius.lírio

bom carnaval pra todos...
até a quarta de cinzas...

[ conspirando ]

é quando um se junta
demais favorecem
linhas se formam

é quando coisas se juntam
movimentos se articulam
linhas se formam

é quando o espaço está
o tempo corre
linhas se formam
acontece.

vinícius.lírio

FOTO: quando um se junta. Por: Vinícius Lírio

[ cansaço de outrora ]

Alicia...
uma música...
uma tela...
alguns pensamentos
uma mente cansada
e eu.
é só!

vinícius.lirio

P.S.: escrito em 06.05.2004 (22:04)

IMAGEM: cansaço de um ser. Por Vinícius Lírio.

[ cometa ]

astro de luminosidade
girando em torno do sol
ligando Santos a São Paulo
passando...
registra passagem no espaço
no céu do São Salvador
no inconsciente que supera limites
que corta quilômetros
que passa das 17:30
e vai além da linha do possível.

vinícius.lírio

[ por que temos que ir? ]

pensando kardec, vi
olhos sem vendas
estrada...
caminhos
coragem a vista
necessidade rege
está tudo no 'timming'
porque temos que ir
por que temos que ir?!
porque hoje é o dia
esse é o momento
e porque sempre temos que...

vinícius.lírio

FOTO: caminhada. Por: Vinícius Lírio.