segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

alone

Oi, Isa,

Como está tudo por aí? Continua trabalhando na assistência ou resolveu abandonar "gente"?

E por falar em gente, essa noite, enfim, fiquei só. Foi bom, pude avaliar como é ficar sozinho. Não gostei muito da sensação, embora o silêncio tenha uma ótima sonoridade.

Senti como se uma bolha inquebrável me envolvesse e por mais que um mundo cheio de possibilidades circulasse por fora, não conseguia perfurar aquela límpida camada azul e, paradoxalmente, sair para entrar (e viver). Ainda que visse aquilo tudo a minha disposição.

Quando enfim me dispus a sair, não pude. Estava preso por uma muralha interna que limitava minhas vontades. Vi como podemos, numa noite, Isa, passar de vida a sobrevida.

Mas o dia amanhaceu e tive que enfretar o barulho da realidade, que não me conforta e me obriga a conviver com ele.

Falar em realidade, a minha me chama. Tenho que ir. Em breve volto a te escrever.

Forte abraço e lembraças a seus pais.

Vinícius

domingo, 13 de janeiro de 2008

Km 42

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Serapião,

como vai meu bom irmão? Quero agradecer pelo apoio de sempre e pela visita na última quinta. Nossa conversa me levou a pensar sobre rumos. Ah, resolvi não mais pegar o Km 42 para o trabalho, realmente perdia tempo com o congestionamento, embora o trecho seja mais curto.

Percebi que estava no caminho errado e estava insistindo em seguir por ele, mesmo todos os dias tendo algum inconveniente quando passava por lá. Então, pensei no quão limitado em minha visão eu estava sendo, afinal de contas havia outras vias, menos complicadas, mais fáceis e até mais prazerosas, com uma perspectiva de alcance bem melhor.

Por isso decidi tornar meus rumos mais leves, sabe, Serapião?! Já não tenho estado tão disposto como outrora, preciso me cuidar, senão não creio que fecharei esta década, meu bom amigo.

Bom, espero por você na próxima quinta, avise a Neo que o aguardo também.

Abraço fraterno,
Vinícius.

domingo, 6 de janeiro de 2008

De Mal

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Oi, Sarah.

Não quero mais falar com você. Não consigo desculpar por você ter colocado aquele cabo de vassoura na jante da minha bicicleta. Machucou feio, sabia?!

O pior foi você mentir sobre o que tinha feito. Jogou a culpa para mim e ainda riu como se nada tivesse acontecido. Começou a chover, você correu e eu fiquei só, estranhamente queimando na chuva.

Eu sei que você tinha que ir, porque cada um é responsável pelas gotas que nos molham. Mas você poderia, ao menos, ter me ajudado a secar, não só a água, mas o sangue que ainda escorria da queda que você me deu.

Lição aprendida. Percebi que gostar de você me fazia mais mal do que bem. Que você era como uma coca-cola gelada sobre minha gastrite: gostoso no momento; dor pontiaguda e solitária depois. Decidi que queria me curar disso.

Outra lição aprendida. Vi que para ser feliz no amor, basta amar a pessoa certa. Acho que quem provoca feridas em alguém que nos ama não seja essa pessoa.

Fique bem. Sei que já está. Permaneça, então. E cuidado ao andar de bicicleta, pois cabos que vêm, às vezes, voltam.

Vinícius.