segunda-feira, 30 de julho de 2007

_haicai para dentro

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era fim de tarde
cortou o pulmão de leve
e acariciou a face: AR.


Vinícius Lírio

domingo, 22 de julho de 2007

_pintura da impotência

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tinha mãos, mas estavam amarradas
havia punhos, mas estavam algemados
tinha braços que estavam imóveis
pernas que não podiam correr
boca sem direito a voz.

eis a pintura da impotência
um quadro violentado
com tintas do que é real.

Vinícius Lírio

FOTO: Animal de pelúcia com algemas na cabeça. Hans Neleman.

domingo, 15 de julho de 2007

_metade de mim

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via quando não estava.
sentia quando não havia toque.
ouvia num silêncio gritante.
percebia o aroma inodoro.

palavras que não foram escritas,
cartas que nunca foram postadas,
chamadas que não foram feitas,
a ânsia sufocante da espera.

sentidos a postos,
inconsciente clamando,
a razão teimava em não aceitar.

a imagem, o contato,
o som, o cheiro.
é tudo que fica do que não ficou.

Vinícius Lírio [17.05.2007 - 22:42]

FOTO: Palhaça no Pelourinho. Salvador/Ba, Jan. 2007

domingo, 8 de julho de 2007

_quando o sonho acaba

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depois das 12 horas,
o corpo pede,
a cabeça implora,
a alma precisa.
a mente nega o sono.
as pálpebras brigam com a consciência,
que evita o sonho
em que o encontro acontece,
a distância nunca existiu
e as palavras soam como uma bela música.
o corpo cede.
a consciência briga pra resistir ao fim do sono,
quando o sonho acaba
e a realidade nega o encontro,
reestabelece a distância
e o som das palavras silenciam
a música que nunca mais foi tocada.

Vinícius Lírio [30/04/2007 - 00:52]

FOTO: Orla da Ponta Verde - Maceió/AL - Dez. 2006

domingo, 1 de julho de 2007

_aquele do centésimo

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resolvi que escreveria uma carta. algum aglomerado de letras que explicasse de onde vieram noventa e nove outras cartas. me perdi sem nem mesmo começar. é assim na maioria das vezes: começamos perdidos.

aqui não foi diferente. fui iniciante. fui tosco. fui meloso. fui pessimista. fui romântico. fui racional. fui feliz. me faz feliz.

são poucos os meios que nos fazem expurgar a alma. descobri nas cartas um desses meios.

nelas falei das primeiras pessoas, das segundas pessoas, das terceiras pessoas pronominais. escrevi sobre mim coisas dos outros. cada carta um momento, uma sensação, uma música, uma imagem, uma pessoa, uma besteira ou um nada. tudo era motivação.

reconheci o valor das palavras, a utilidade do CEP, a importância do selo e do veículo postal. descobri o prazer do retorno e reafirmei o valor da fidelidade.

tudo isso no decorrer de 99 conjuntos de palavras em busca de algum sentido. no centésimo, essas palavras buscam resumir um ciclo, agradecer a quem sempre passa e deixa algum bilhete aqui, a quem já passou e, em potencial, aos que continuarão passando e a quem ainda passará.

bem, encerro essas linhas com algo que aprendi no decorrer desses 100 posts: não são fatos isolados que nos definem, o conjunto da nossa obra é que traduz quem realmente somos.

Vinícius.