quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Carta Grata

Photobucket

Maria,

pedi apenas uma lembrança, não precisava um balaio inteiro de recordações. Lembro de cada dia como se ainda fosse ontém. Engraçado essa coisa de tempo, ele nos castiga e ao mesmo tempo nos favorece numa outra dimensão.

Por falar em castigo do tempo, não vou me alongar muito. Ninguém tem mais tanto tempo para cartas, não é? Eu mesmo, as que tenho recebido, leio o início, palavras importantes do meio e o final. Afinal o que for tão longo e tão significativo deve ser dito pessoalmente, não acha, Maria?

Pois bem. Continuo passando como a vida permite, indo e vindo todos os dias da Rua das Oliveiras, marcando o tempo com os passos que dou em direção para onde vou. Aboli relógios e calendários. Você deveria fazer o mesmo, sabe, Maria?! Você ganha em paciência e tira de si as amarras temporais.

Ah, obrigado pelo cachorro no balaio. Cuidarei bem dele.

No feriado devo passar para te dar um abraço. Mas só passar. Não tenho tempo para me alongar numa visita.

Lembraças a seus pais e familiares.

Carinho,

Vinícius.

Um comentário:

disse...

O tempo... hj estava lendo um poema do Drummond com esse nome. Interessantíssimo o texto.

Até se ganha tempo se não ficar fissurado nele. :D

Bjs, moço.

PS.: O diálogo é mais pra surreal do q pra irreal mesmo. :P