domingo, 7 de setembro de 2008

Lamentando Lamentar

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Oi,

hoje acordei cedo, queria não me atrasar. Enquanto corria, cortando o frio da manhã, lamentava o fato de naquele clima tão aconhegante não ter continuado na cama, enrolado num bom cobertor, que tive que abandonar. Reclamei da resistência do chuveiro ter queimado durante meu banho. Quase chinguei o porteiro do prédio quando tava saindo e ele bateu o portão, me deixando entre os dois portões de saída, me obrigando a tirar as chaves do bolso para abrir. Lamentei ter que pegar ônibus lotado para chegar num trabalho estressante que me tomaria o dia todo. Por fim, declarei guerra ao tempo, que atrasaria (de pirraça, tenho certeza) a chegada da noite e o fim desse dia.

Foi quando, avistei num passeio frio e sujo, uma família inteira: uma mãe (suponho, eu) e seus três filhos pequenos. Percebi que eles não tinham tido cobertor durante a noite toda, por sabe-se lá quanto tempo; que não tomavam banho, nem frio, nem quente, há dias; que não tinham se quer uma porta para abrir, pois a chave da casa que não tinham tardava a ser entregue; que seu único meio de transporte eram suas pernas fracas que ainda os sustentavam e os levavam de um lado para outro sem rumo; e que, por fim, provavelmente não se atrasariam para nada, porque não tinham local algum pra ir, com ou sem hora marcada.

Então, para completar meu dia de lamentações, lamentei minha consciência falha e minha visão pernóstica, que agora daria uma atenção maior para os passeios e esqueceria um pouco de qualquer lamento em vão.

Achei que devia te contar.

Com outro horizonte,

Vinícius

2 comentários:

D nuts disse...

Que raiva.
Vc me fez perceber que meus problemas,apesar de parecerem grandes,sao pequenos em relação ao resto do mundo.


Valeu laza.

Flávia disse...

Acho que se todo mundo fosse capaz de se perceber sob outrou horizonte, a vida seria bem melhor...
Estou precisando disso. Obrigada!
:)